INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Evolução

João Luiz Corrêa

CD Campeirismo 2 (1999)

Nos recuerdos do meu pago
Eu manuseio em saudades
Pois um peão de qualidade
Não deve ficar calado
Quando bombeia outro lado
Deixando sua querência
Depois volta à reverência
E vê seu pago mudado.

A evolução dessas eras
Cortaram muitos coqueiros
E o xirú velho altaneiro
Foi ficando recostado
Pois nem mais lida com o gado
Ficando assim desigual
Nem tira a cisma bagual
De um potrilho mal domado.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

O berro do touro baio
Não se ouve mais nas campinas
Só se escuta alguma buzina
Ou o ronco de um trator
Derrubando com furor
A caneleira e o angico
Num alarido maldito
Com ecos destruidor.

Até o patrão da fazenda
Já anda usando gravata
Deixou de lado a guaiaca
E o lencito colorado
Deixou o tirador pendurado
Prá enfeite da mansão
Não toma mais chimarrão
No borralho enfumaçado.

Nao deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

As cercas feitas de pedra
O casarão centenário
O coxilhão legendário
Coberto por angicais
Nobres recuerdos finais
Cheirando a campo nativo
No corcóveo evolutivo
De um passado de ancestrais.

Licença patrão cardoso
Precisamos com urgência
Boleia a perna a querência
Verifique bem de perto
Pealeie no campo aberto
A chacina do rincão
Antes que essa evolução
Torne a querência um deserto
Pealeie no campo aberto
A chacina do rincão
Antes que essa evolução
Torne a querência um deserto.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

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PEÃO

Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.

PAGO

Lugar em que se nasce, de origem

XIRÚ

Vivente amigo e companheiro; é um vocábulo síntese da palavra CHE (amigo) e da palavra IRÚ (companheiro).

POTRILHO

Cavalo que ainda mama (até dois anos).

PAMPA

Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).

POVO

Vila, distrito.

PATRÃO

A maior autoridade de uma Estância, Fazenda ou CTG.

TIRADOR

Avental de couro; pilcha exclusiva de serviço.

QUERÊNCIA

Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.