INFORMAÇÕES DA MÚSICA

De Lida e Poesia

Álvaro Neves

CD Sempre Teu (2018)

Álvaro Neves e Tchê Zico

Com a guitarra pampeana adegalço mil poesias
Que por estas sesmarias volteio a cada verso
O campo é meu universo e nem o tempo demuda
Se a lida vem carrancuda, meu lirismo é inverso
Tropeando a duras penas bordei muito pago a casco
Honro o pelo pardo vasco de vaqueano campesino
Ginetear potros malinos recrutar tropa estourada
Por corredor e pousada, sobre os recaus é meu destino

Ao fim de la tardezita, chimarroneio contento
Tranço ou sovo uns tentos, pra os preparos de campeiro
O cusco e um oveiro companheiro junto as brasas
Sentem a alma abrir asas, num guitarrear de fronteiro

De frente para a coxilha, este galpão me resguarda
Quero-queros montam guarda, do vazerdo fazem posto
Pra tempo maulo de agosto, um poncho sempre de jeito
Um gateado a preceito e um par de arreios a gosto
O olho “d água” das pedras verte inverno e verão
Um capão de mato limpo, refúgio da cavalhada
Gado de lei na invernada me confia o patrão
Me gusta ser um peão, da estãncia da mão pelada

Desgarronei de um potro estas perneiras que calço
E quando a perna alço, pouco me importa o serviço
Colmilhudo ou noviço, que dudar por quebra freio
Já se vê num tempo feio, não deixo passar por isso
Assim me forjou a querência, no rigor das lides rurais
Trago o barro dos currais e acôos no dia a dia
A cuscada em correria, ringir de bastos em soalheira
Uma paisana trigueira, traz à vida mais valia

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