INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Por Estas Chuvas de Julho

Jari Terres

CD No Coração do Meu Pago (-?-)

Ando de poncho encharcado
Por estas chuvas de julho
E ainda escuto o barulho
Das águas crescendo a sanca
Faz pouco a várzea estendeu-se
Pra lá do arame do meio
E o passo ficou bem feio
De não cruzar os bois na canga

Um novo tempo armou-se
Escureceu a banda oeste
Embora pouco nos reste
Não há de esperar por nada
Estender poncho e pelego
Abrir porteira e alambrado
Pra não tirar gado a nado
De algum rincão da invernada

(no outro ano que a enchente
Ponteou a várzea do fundo
Parecia até que o mundo
Descia junto com ela
Quem tava quieto nas casa
Mateando a tarde em floreio
Avistava o arroio cheio
Bombeando pela janela)

De longe até meus gateados
Andam lobunos, por conta
Da chuva que lhes reponta
E bota os mansos na forma
Beirando os fios do alambrado
Perfilados um por um
No mesmo instinto comum
Do tempo que dita as normas

Até o galpão que garante
Sempre os desmandos do céu
Anda sentindo o tropéu
Quando a chuva é galopeada
Forceja a quincha do norte
Na turubamba de patas
Mas não se rende às bravatas
É feito de alma e morada

(e o dia mais uma vez
Batendo água se estende
E a gente então compreende
Que a própria vida é assim
Se vai o tempo por conta
Por onde o outro deságua
E o poncho ainda guarda as águas
Que o julho tinha pra mim)

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PONCHO

Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.

PORTEIRA

Espaço seccionado numa cerca.

RINCÃO

Lugar isolado em fundo de campo.

TAVA

O osso do jogo-do-osso.

BOTA

Calçado com cano (curto, médio ou longo), feito de couro.

GALPÃO

Tipo de edificação que com o rancho forma um conjunto habitacional no RGS; numa Estância ou numa Fazenda, abriga o alojamento da peonada solteira, os depósitos de rações, almoxarifados, apetrechos, aperos, galpão-do-fogo, etc.

QUINCHA

Cobertura com santa-fé, macega ou folhas de palmeiras.