PUBLICIDADE

Na Beira da Sanga

Falando em Poesia (0)

Odilon Ramos

Ali, na beira da sanga,
Naquela pedra bem grande,
Onde ao teu lado sentei,
Risquei, com meu canivete,
As iniciais do teu nome,
E o dia que te encontrei.

Quanta lembrança bonita,
Um instante assim
Nos deixa pra recordar depois,
Acho, que até a sanguinha,
Passando naquela pedra,
Tem saudade de nós dois.

O teu riso misturado
Com o riso da correnteza,
Brincando nos pedregulhos,
E os nossos pés dentro d'água,
Alterando a voz da sanga,
Bolindo com seus arrulhos.

Os teus olhinhos ariscos
Acompanhando os meneios
Da dança dos lambaris,
E inticando com a gente
Lá de cima de um pinheiro,
Gritavam, dois bentevis.

Abre a boca, e feche os olhos,
E uma pitanga vermelha
Aos teus labios vermelhou,
Sem dizer roubei-te um beijo,
Que foi o beijo mais doce
Que a kinha boca provou.

Vi teu rostinho corando,
Vi teus olhinhos brilhando,
De susto, medo, e emoção,
Vi outra sanga brotando,
Da vertente dos teus olhos,
Pro rio do meu coração.

Hoje ali na mesma pedra,
Inda ouvi o riso da sanga
Que o teu riso me lembrou,
E aquela felicidade,
Foi semente de pitanga,
Que a correnteza levou...

Quanta lembrança bonita,
Um instante assim
Nos deixa pra recordar depois,
Acho, que até a sanguinha,
Passando naquela pedra,
Tem saudade de nós dois.


PUBLICIDADE

Músicas do Álbum

Veja outros álbuns >