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Última Tropeada

Eu Sou (0)

Antonio Gringo

Este berrante eu guardei
Nesta sala decorada
Prá quando chegar visita
Perguntar minha adorada
De quem é este berrante
A história vai ser contada

“O berrante é de um gaúcho
Que lidava com boiada
Depois que me conheceu
Fez a última tropeada”

Quando eu ouço este berrante
Meu corpo se arrepia
Parece que eu vejo a boiada
Numa madrugada fria
Taquara do mundo novo
Fiz a minha moradia
São francisco e ouro verde
Bom jesus e vacaria
Deve haver rastro na estrada
Da boiada que trazia

De noite a tropa deitava
Silenciava o madrinheiro
Meu pelego era o colchão
Serigote o travesseiro
A minha capa gaúcha
Me cobria o corpo inteiro
Apontava estrela dalva
Eu levantava primeiro
Repinicava o berrante
Acordando os companheiros

Acorda companheiro
Vamos tomar o chimarrão
A erva já está sevada
E a chaleira está chiando
Vamos levantar companheiros
Muito cedo nós temos
Que podar a tropa na estrada
Porque o sol hoje vai ser quente
E assim foi a minha vida
Anos e anos repontando boiada
Cortando as estradas
Desse chão brasileiro
Até que numa certa ocasião...

Foi numa certa ocasião
Eu vi na beira da estrada
Uma serrana bonita
Que me prendeu numa olhada
Todo o tropeiro é valente
Mas vê mulher vira em nada
Deixei de lidar com gado
Minha paixão foi mudada
Hoje só reponto amor
Nos olhos da minha amada.


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