INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Do Pelo Que Não Nega

Gerson Brandolt

CD Um Quadro de Campo (2012)

(Letra: Marcelo Mendes | Música: Gerson Brandolt/Beto Villaverde)

O patrão numa volteada me apareceu c'um cusquito
De uma racita moderna, mais parecia um sorrito
Por serem loucos de bueno deu por ele uma exorbitância
Lidava com gado e "oveia" em todo o serviço na estância
É do pelo que não nega, disse, muito sorridente
Pois eu nunca imaginava o que vinha pela frente
Tinha uma volta do olho preta, pus o nome de pirata
Que mal apeou do carro e já extraviou minhas alpargata'

'Ara, pirata! Já daí, lambe-graxa!
E nada de me escutá
A praga não "afloxava" e eu já rouco de gritar
Para, pirata, pra trás, pirata, me "desparava" o arteiro
Fazia trocar de ponta dum laçacito campeiro

As orelha' eram enfeite na cabeça do animal
Corria tudo que é bicho e nunca dava um sinal
Terminou co'a minhas galinha', a criação era pequena
Corria da cozinheira com a boca cheia de pena
Peguei um bagual gateado, sestroso e passarinheiro
O cusco saltou na cola na saída do potreiro
Veiaqueou de vereda, me plantou sobre um cupim
E o guaipeca desgraçado brincava em roda de mim

Para, pirata! Pra trás, pirata!
E nada de me escutá...

Se o gado tava no tronco só mordia nos garrão
Dava um serviço danado, abichava no verão
Se saísse numa "oveia" ele arrancava um pedaço
E, ligeiro como um gato, pra se escapá dum balaço
Uma "véia" solteirona me pediu um cachorrinho
O danado teve sorte porque era bonitinho
De vereda fui no povo, pessoalmente fiz a entrega
E elogiava o guaipeca que é do pelo que não nega

Para, pirata! Pra trás, "imundícia"!
E nada de me escutá...

COMPARTILHE