INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Estrelas de Chão

Luiz Marenco

CD Filosofia de Andejo (1993)

O chuvisqueiro da tarde, se foi virando aguaceiro
Entrou a noite encardida, nas nuvens de pêlo osco
Galopeadita garoa, encharca o poncho campeiro
Pingam águas de sombreiros, nestes mangaços de agosto

A solidão toma conta, e aperta a chuva guasqueada
Para alumbrar madrugadas, nenhuma nesga de lua
Não se vê uma estrela nua, vir se enfeitar nas aguadas
Meu pingo fareja estrada, jogo o freio e as cordas cruas

E então tu surge solita, como a flor do pajonal
Como uma estrela bagual que é ninho, pão e candeeiro
E o meu gateado assustado, que facilita e se nega
Nem faz causo das macegas, só pra bombear teu luzeiro

Apressa o trote o cavalo, com ganas de galopear
Não há como sofrenar o queixos de um coração
O amarguear do galpão, já sinto adoçando a alma
E a tormenta só se acalma junto as estrelas de chão

Amanhã se o vento muda, se vão as nuvens a lo léu
Voltam as estrelas do céu clareando passos e ranchos
Mas tu que embaixo das quinchas vistes crescer as melenas
Segue templando morena, a raça bugra dos campos

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PÊLO

Pelagem (cor dos pêlos) de animais.

PONCHO

Pilcha, espécie de capa sem abertura e de gola redonda que abriga do frio.

PINGO

Afetivo de cavalo de estimação.

BAGUAL

excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro

CAUSO

Conto, estória.

TROTE

Andadura moderada dos eguariços.