INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Décima da Mula Fumaça

Cesar Oliveira e Rogério Melo

CD Concerto Campeiro (2004)

Reparem no retrato
Que a minha estampa define
Sou Laélio Bianchini
E aqui no mais me desato
Pra fazer o relato
De uma façanha machaça
Porque a sorte andava escassa
Que foi naquela segunda
Que tive que dá uma tunda
Na minha mula fumaça

Vinha no mais ao passito
Pensando e mirando lejo
Quando senti de reflejo
Que tinha algo esquisito
As vez nem eu acredito
E chego a ficar pensando
Porque eu não tava esperando
Pois foi no cambiar do jogo
Que a fumaça prendeu fogo
E virou brasa corcoveando

Já na primeira gambeta
Por pouco que não me esfola
Caiu sentada na cola
Se esquivando das roseta
Oiga-le mula sotreta
Qua se arrasta e não se achica
Chegava a ficar nanica
Num chamarreio estendido
Sem saber que fui parido
Lá pela Coxilha Rica

Seria o destino ingrato
Quando ajouja um açoite
Ao xucro qua passa a noite
Fazendo corpo de gato
Nas venta um cheiro de extrato
Na alma um resto de fula
Tormento pra quem calcula
O peso que vem nos taco
Balanceando no sovaco
Cada corcóveo da mula

Arrinconado na encilha
Aonde nunca me arroio
Só livro a toca dos óio
E o resto tudo é virilha
No socado eu sou forquilha
Quando atropelo as esporas
Riscando paleta a fora
No velho estilo campeiro
Que eu venho lá do barreiro
E miséria não me apavora

De repente a mal costeada
Na volta de um sarandeio
Quase que se parte ao meio
Numa baguala bolcada
Sai livre da malvada
E pra lhe encurtar a prosa
Depois desta baita grosa
Ainda me dói a carcaça
Mas na minha mula fumaça
Não hay cismas de baldosa

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TAVA

O osso do jogo-do-osso.

COXILHA

Leves ondulações topográficas no terreno.

XUCRO

Selvagem.

BAITA

grande, crescido; (Se usa em outras partes do Brasil)