INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Crioulo do Mbororé

Mano Lima

CD Troveiro do Mbororé (1989)

Parece até que fui parido de a cavalo
Um bom gaúcho não pode andar de a pé
Eu me criei esparramando a jueira
Não é de valde que nasci no bororé.

Um par de esporas, maneia forte e buçal
E um sovéu de três ramal
Pra lidar com égua gaviona
Veiaqueava e eu levanta os quartos a laço
Do pescoço inté o sovaco
De cortar a minha chorona.

Quanta china já dormiu nos meus pelegos
Isso é segredo, não gosto de revelar
Vou lhe falar só de égua que veiaqueia
E quanta linda peleia eu me obriguei a escorar.

Não sou nervoso e nem tampouco sou bandido
Sou apenas divertido, gosto muito de brincar
A mim me agrada dar um rechego de facão
De quando em vez um beliscão
Que é pro inimigo se alertar.

Eu fui nascido neste torrão brasileiro
A minha pátria eu lhe garanto que é o rio grande
Sou gaúcho, veja bem que isso é uma raça
Sou bandoneon e me basta por qualquer lugar que eu ande.

Se por acaso um dia a morte me vier
O companheiro que puder
Me faça cruzar num butuí
Pois toda fruta não fica longe do pé
Me levem pro Bororé e me plante de novo alí.


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GAÚCHO

Palavra de origem guarany, pois nessa língua não existe vocábulos com o som da letra “L”.

SOVÉU

Apero torcido de couro cru, peludo (não tem ilhapa), que serve para capturar quadrúpedes.

INTÉ

Até.

CHINA

Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).

PELEIA

Contenda, disputa, combate, luta, batalha.