INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Bagual Picaço / Evolução / Rio Grande do Sul / Touro Pintado

João Luiz Corrêa

CD 10 Anos de Sucesso (cd duplo) (2010)

Certa feita me ajustei na estância do seu ponciano
Pra domar um bagual picaço que beirava cinco anos
Crioulo ali dos queimados lindeiro da terra dura
Esse picaço afamado pingo de linda figura

Era o senhor das coxilhas sem nunca ter visto o laço
Tinha por cama as flexilhas o famoso bagual picaço
Trouxe junto com a manada da invernada capororóca
Bufando e corcoveando e coiceando na massaroca

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Nos recuerdos do meu pago
Eu manuseio em saudades
Pois um peão de qualidade
Não deve ficar calado
Quando bombeia outro lado
Deixando sua querência
Depois volta à reverência
E vê seu pago mudado.

A evolução dessas eras
Cortaram muitos coqueiros
E o xirú velho altaneiro
Foi ficando recostado
Pois nem mais lida com o gado
Ficando assim desigual
Nem tira a cisma bagual
De um potrilho mal domado.

Não deixe a pampa morrer
Que o povo precisa dela
Defendemos nossa querência
Ou morremos junto com ela.

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Existe um lugar que é uma beleza
Presente da natureza no cantinho do brasil
Terra do rodeio e da bailanta
Onde a aurora se levanta
Cheia de encantos mil
Povo bom de prosa e sem luxo
Num estilo bem gaúcho cultivando a tradição
Churrasco gordo, trago, trova e cantoria
E o encanto das gurias num fandango de galpão.

Vem conhecer os verdes campos orvalhados
O chimarrão bem cevado em volta de um fogo de chão
Sentir de perto o amor de um povo hospitaleiro
O calor de um braseiro dentro de um coração.

Rio grande do sul.

Rio grande do sul.

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Não tinha cerca nem brete
Que segurasse o malvado
E nem laço que cerrasse
No tal de touro pintado

Tinha peão que dava fumo
Pra pitar mais de um ano e meio
Como um pedido de auxílio
Pro negro do pastoreio

Nunca acreditei em bruxa
Em lobisomem não creio
Meti meus caco num mouro
Me entreverei no rodeio

Levei aquele meu cusco
De tirar vaca do mato
E fiz o bicho alça a cola
Berrando um quarenta e quatro

Cerrei espora no mouro
Peneirando o doze braça
Que fez um zum no espaço
E o touro dobrou a carcaça

Vi dois estouro e dois tombo
E o meu laço rebentou
O cusco ficou emprensado
E o mouro se desnucou

Touro…touro…touro
Touro pintado
Até o neto do teu neto
Vai sofrer por teu pecado

Touro…touro…touro
Touro pintado
Tu vai se encontrar no céu
Com o meu mouro afamado

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ESTÂNCIA

Grande estabelecimento rural (latifúndio) com uma área de 4.356 hectares (50 quadras de sesmaria ou uma légua) até 13.068 hectares (150 quadras de sesmaria ou três léguas), dividida em Fazendas e estas em invernadas.

BAGUAL

excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro

PINGO

Afetivo de cavalo de estimação.

MANADA

Coletivo de éguas (de cavalos, é TROPILHA).

INVERNADA

Subdivisão de uma Fazenda; designa também, departamento de um CTG (Entidade Tradicionalista).

PEÃO

Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.

PAGO

Lugar em que se nasce, de origem

XIRÚ

Vivente amigo e companheiro; é um vocábulo síntese da palavra CHE (amigo) e da palavra IRÚ (companheiro).

POTRILHO

Cavalo que ainda mama (até dois anos).

PAMPA

Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).

POVO

Vila, distrito.

RODEIO

Reunião para cuido, que se faz do gado.

GAÚCHO

Palavra de origem guarany, pois nessa língua não existe vocábulos com o som da letra “L”.

TROVA

Espécie de desafio repentista, cantado e acompanhado musicalmente.

FANDANGO

Denominação genérica do Baile Gaúcho.

LAÇO

Apero (acessório) trançado de couro cru, composto de argola, ilhapa, corpo e presilha.

PITAR

Fumar.

LOBISOMEM

Fantasma mitológico e lendário (metade lobo e metade homem).

ESTOURO

Dispersão de tropa em todas as direções.

CUSCO

Pequeno cachorro (o mesmo que guaipeca).