INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Décima da Mula Fumaça

Pátria Sulina

CD Por Isso Canto, Senhores (2010)

(Letra e Música: Rogério Villagran)

Reparem no retrato que a minha estampa define
Sou Laélio Bianchini e aqui, no mais, me desato
Para fazer o relato de uma façanha machaça
Porque a sorte andava escassa e foi naquela segunda
Que tive que dá uma tunda na minha mula fumaça

Vinha no mais, ao passito, pensando e mirando lejo
Quando senti de reflejo que tinha algo esquisito
Às vez' nem eu acredito e chego a ficar pensando
Porque eu não tava esperando, pois foi no cambiar do jogo
Que a fumaça prendeu fogo e virou brasa corcoveando

Já na primeira gambeta, por pouco que não me esfola
Caiu sentada na cola se esquivando das roseta'
Oigalê, mula sotreta, que se arrasta e não se achica
Chegava a ficar nanica num chamarreio estendido
Sem saber que foi parido lá pela coxilha rica

Seria o destino ingrato quando ajouja um açoite
Ao xucro que passa a noite fazendo corpo de gato
Nas venta' um cheiro de extrato, na alma um resto de fula
Tormento pra quem "carcula" o peso que vem nos taco'
Balanceando no sovaco cada corcóveo da mula

Arrinconado na encilha onde nunca me arroio
Só livro a toca dos "óio" e o resto tudo é virilha
No socado eu sou forquilha quando atropelo as esporas
Riscando paleta afora no velho estilo campeiro
Que eu venho lá do barreiro e miséria não me apavora

De repente a mal costeada, na volta de um sarandeio
Quase que se parte ao meio numa baguala bolcada
Saí livre da malvada e pra lhe encurtar a prosa
Depois desta baita grosa ainda me dói a carcaça
Mas na minha mula fumaça não hay cismas de baldosa

Seria o destino ingrato quando ajouja um açoite...

COMPARTILHE