(Velho Milongueiro/Gildinho)
Meti a cara no mundo e peguei a estrada da vida
E me acostumei na lida de cantar por onde vou
E pra quem nunca cantou é necessário que eu diga
Que, se não fosse a cantiga, não estaria onde estou
Talvez 'tivesse no campo domando algum pangaré
Ou plantador de café no fundão do Paraná
Mas quem nasceu pra cantar não pode fugir da trilha
É mal que vem de família e não tem doutor pra curar
É este o mal que carrego, mas acho até necessário
Cantando eu ganho o salário, mas já cantei por cachaça
Ninguém foge da desgraça, seja fêmea ou seja homem
Já vi artistas de nome falar que dormiu na praça
Já fiz tudo nessa vida, fui caborteiro de fato
Já levei china pra o mato, mas foi só quando ela quis
Não sou gaudério aprendiz, tenho profunda experiência
E não me dói na consciência quando eu faço alguém feliz
Minha tendência de vida, entre glória e desenganos
É durar mais de cem anos pra depois desencarnar
Mas se a sorte me ajudar e Deus me der permissão
Numa outra encarnação eu volto aqui pra cantar
Animal manhoso e infiel, velhaco.
Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).
Vivente aventureiro que chegou na Pampa, vindo do Brasil-central; não tinha profissão definida, nem morada certa e não se amarrava ao coração de uma só mulher