INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Meu Canto Selvagem

Xiru Missioneiro

CD Arrebentando os Mondongo (1999)

Declamado:

Sou taura dessa querência genuína criado pelos galpão
De a cavalo nos tição, índio bagual melenudo
Um destes xirú beiçudo que só se banha sozinho
E pra dá louvado aos padrinhos tem que vim aos empurrões.
Me criei arrebatando cuiudo de bagual aporreado metido a macho
Por que eu também sou loucio criado guacho, desmamei sem tabuleta
Fiz do dedão a chupeta e tem por enfeite o ventana
Carrapicho nas melenas e até bizorro nas ventas
Sou conhecido pelo toque da minha cordeona
E esta cantiga redomona que trouxe a cabresto lá da biboca
Meu canto é xucro mas se da logo a entender
E só pela estampa se vê que tem que sê da Bossoroca.
E por isso que a minha canção tem uma linguagem campeira
Traz o cheiro de garrão e a esterco de mangueira.

Cantado:

Com este xucrismo que trago
Eu canto meu pago com amor e carinho
Resgatando no canto que faço
As raiz em pedaço que achei no caminho
Meu canto que vem no reponte
É parido do campo cheirando capim
Qual relincho de potro e touro
Que berra escarvando terra nos bujão de cupim

Meu canto trás reminiscência
E não conhece maneia ou buçal
Mas tenho o jeito da minha querência
Moda véia bem xucra e bagual
E esta vinte e quatro baixo
Que vai repontando o segredo
É o xucro rio grande macho
Que bufa e berra na ponta dos dedo

Meu canto nasceu no borraio
No calor da cinza do cerne de angico
Trás a marca riscado na tarca
Dum xiru monarca do rio grande antigo
Temperado ao vapor da fumaça
Do chio da chaleira e no canto dos galo
Meu canto bufa fazendo rumor,
Rufo de tambor, nas pata do meu cavalo

Fui criado a campo fora retinindo
As espora pelas madrugada
Nas ronda de tropa fui acrimatado
C'os garrão rachado curtido da geada
Nasci quero morrer no campo
Tomando e proseando com o bicharedo
Meu canto é selvagem não frouxa o garrão
Tem a formação desta pátria de são pedro

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TAURA

Vivente que se pode recomendar.

QUERÊNCIA

Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.

GALPÃO

Tipo de edificação que com o rancho forma um conjunto habitacional no RGS; numa Estância ou numa Fazenda, abriga o alojamento da peonada solteira, os depósitos de rações, almoxarifados, apetrechos, aperos, galpão-do-fogo, etc.

BAGUAL

excelente, bom, ótimo ou cavalo xucro

XIRÚ

Vivente amigo e companheiro; é um vocábulo síntese da palavra CHE (amigo) e da palavra IRÚ (companheiro).

APORREADO

Mal domado.

VENTANA

Vivente de má reputação.

CABRESTO

Apero de couro cru que prende-se ao buçal (pela cedeira ou fiador).

BIBOCA

Lugar de difícil acesso.

XUCRO

Selvagem.

PAGO

Lugar em que se nasce, de origem

RELINCHO

Som vocal dos eqüinos.

POTRO

Cavalo novo que ainda não levou lombilho.

BUÇAL

Primeiro apero do “preparo” da encilha.

TARCA

Apetrecho de marcar contas.

RONDA

Ação de vigilância.

TROPA

Coletivo de militares e de bovinos.