INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Os Quatro Missioneiros

Jayme Caetano Braun

CD Acervo Gaúcho (1998)

São quatro cernos de angico
Falquejados nas minguante,
Que vem trazendo por diante
Nosso tesouro mais rico,
Que há três séculos e pico
Os centauros nos legaram
Memórias que não gastaram
Nos entreveiros da infância;
E olfateando na distância,
Algumas que se extraviaram.

Os quatro são missioneiros,
Unidos num mesmo abraço;
São tentos do mesmo laço,
Brasas dos mesmos braseiros,
Chispas dos mesmos luzeiros,
Que onde um vai o outro vai.
Nenhum pesar os contrai
Nem desencanto nem mágoa;
Os quatro beberam água
Nos remansos do uruguai.

Um deles é o pedro ortaça,
Nascido lá no pontão
Num dia de cerração
Tapado pela fumaça;
Cantor de fôlego e raça,
Do mais crioulo recurso;
Mais agarrado que um urso,
Nas seis cordas da guitarra,
Andou fazendo uma farra
Na baialnata do tibúrcio.

Outro é o noel guarany
Do manancial missioneiro,
Que benzeram em terneiro
Com leite de curupy.
Tropeando, desde guri,
Nunca cai em aripuca.
Mais brabo de que mutuca,
Vem do berço de sepé;
E andou morando em bagé,
Na baixada do manduca.

Outro é o cenair maicá,
Do canto bárbaro e doce,
Que com certeza extraviou-se
Da flor do caraguatá.
Crioulo, também, de lá
Das barrancas do uruguai,
Saiu quebra, igual ao pai,
Com maçaroca na clina;
Já cortou trança de china,
Nos bailes do sapucai.

Outro... outro apenas pajador,
Misto gente e urutau;
É o jayme caetano braun,
Do velho rio grande em flor.
Cantando coplas de amor,
Sem se importar com os espinhos,
De tanto trançar carinhos
Foi se enredando nas tranças;
E hoje tropeia lembranças,
Que juntou pelos caminhos!

COMPARTILHE

CRIOULO

Filho de origem estrangeira, nascido aqui. Pode ser filho de branco, de amarelo ou de preto, não importa a raça ou a cor.

MAÇAROCA

Dois sentidos: nó enredado de cabelo ou crinas e ou intriga.