INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Relíquias

Jari Terres

CD Milongas da Fronteira (2003)

Tenho um pala da mais fina trama
Ficou de herança dos meus ancestrais
Tenho arreios e aperos ponteados
De couros sovados que não se vê mais

São relíquias deste peão sem luxo
Talvez virem trastes quando eu me for
Mas pra mim que defendo na altura
A gaúcha cultura, é de enorme valor!

Nosso canto que brotou dos pastos
Na xucra linguagem do homem rural
Perpetuada nos botões da gaita
Em acordes de campo e voz de banhadal

São relíquias que, através do tempo
Não se modificam pela evolução
Tem raízes plantadas bem fundas
Em terras fecundas que não morrerão

Nossa gente demarcou fronteiras
Por onde passou, deixou rastros na história
O chão guarda, ungido de sangue
O passado e o presente vivos na memória

São relíquias que formaram um tempo
Mescla de ontem, hoje somos assim
Vivemos rodeados por almas antigas
De bento, ´artiga´ e josé san martín

Quando olho da porta do rancho
E a vista se alarga, buscando infinito
Vejo a minha querência esverdeada
Pintada por deus no entardecer bonito

São relíquias deste peão posteiro
Cenário abençoado aqui no parador
Apartado do resto do mundo
Encravado no fundo de um corredor

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PALA

Poncho leve de seda (para o verão), de algodão (para meia-estação) e de lã tramada ou bixará (para o inverno).

ARREIOS

Conjunto da encilha.

APEROS

Preparos necessários para a encilha.

PEÃO

Operário de estabelecimento rural ou associado de entidade tradicionalista.

QUERÊNCIA

Lugar onde se gosta de viver; se quer viver; lugar do bem-querer.