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Por Baixo dos Panos

Rio Grande de Sempre (1986)

Gaúcho da Fronteira

Vendo cheiro, com cosca na goela
Nas munhecas e nos dedos de novo
As tristezas eu deixo da lado
E amanheço cantando pro povo

Trago na alma o verão das cigarras
E algazarras no meu coração
Destramelo meu peito cantando
Sacudindo de gaita e violão

E tem mais, eu sou macho e insistente
Na conquista da fêmea que escolho
E de tanto piscar pras gurias
Criei calo no canto do olho.

Os meus dedos ficaram miúdo
Meio gastos de cordeona e teclado
De cantar tô ficando papudo
Como sapo cantor de banhado.

E nas noites geladas de inverno
Eu me aqueço do vento minuano
Fiz um poncho com dois colarinhos
Pro namoro debaixo dos panos.


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