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Gaúcho Guapo

De Estância em Estância (1969)

Gildo de Freitas

Houve uma festa de muita importância
Era uma festa de gineteada
Foi promoção do dono da estância,
Pra dar um premio para a gauchada.
Tinha um picaço por nome esperança
No lombo dela não parava nada
Eu não sou cria de raça bem mansa
E resolvi de topar a parada

Eu cheguei lá no horário certo
Tava a fazenda toda enfeitada
Tava o picaço relinchando alerto
Metendo medo em toda a gauchada
Tava o patrão, uma filha por perto
Já de vereda pedi a bolada
Eu sou gaúcho que não me aperto
E gosto mesmo da lida pesada.

Já de vereda apertei os cascos
Montei pra cima e baixei o laço
Fazendo cócegas só no sovaco
Cantarolando as esporas de aço.
Dava corcóvio de arrancar cavaco
Embodocava o lombo do picaço
Cada corcóvio que dava o veiaco
Eu dava nele dois ou três laçaços.

Corcoveou mais que meia hora
E eu sorrindo em cima do lombo
Dando comida pra minha espora
E abrindo taio se ia um rombo.
Corcoveiava muito campo a fora
Porem nunca sem me dar um tombo
Pra mim cair só de caipora
E a desgraça é coisa que eu não zombo

Esse cavalo parou de repente
Dando sinal que não podia mais
A trotezito voltei novamente
Fazendo tudo que um ginete faz.
Já encontrei o povo contente
Batendo palma e me dando cartaz
E disse a moça papai que vivente
Para ficar de seu capataz.

Eu aceitei a capatazia
Depois mais tarde me casei com a prenda
Foi o premio desde a montaria
Ganhei a china e aumentei a renda
E você compram na livraria
Que existe um livro que conta essa lenda
Dei lhe porrete nele a reveria
Fiquei de dono daquela fazenda.


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