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Milonga do Payador

Mensagem Dos Sete Povos (1977)

Pedro Ortaça

Venho do fundo da história que foi escrita por mim
No repicar do clarim da luta emancipatória
Reprisando a trajetória dos velhos tabas guerreiros
De romances galponeiros com legendas e amarguras
De dia bebo lonjuras, de noite apago os luzeiros.

Sem nunca ter pouso certo, parador, patrão nem doma
Me estendo sobre a carona e o pingo pastando perto
E a atração do campo aberto não há ninguém que resista
E o pajador nativista que o céu inspira e acalma
A querência dentro da alma e o mundo a perder de vista

E a própria estrela boieira que me guia e me desperta
E quando a saudade aperta a guitarra companheira
Faz a milonga campeira o mundo ficar pequeno
E como contra-veneno da mágoa que me acompanha
Bebo graxa de picanha com salmoura de sereno.

Aquele que nada tem é aquele que melhor vive
Quantas fortunas eu tive sem nunca ter um vintém
Amando a querendo bem sempre no maior empenho
E de nada me abstenho quando a tristeza me assalta
E até mesmo o que me falta, faço de conta que tenho.

Pajador que trás de infância esta Barbara tendência
De ir de querência em querência, andar de estância em estância
Sempre olfateando distâncias os mil sonhos que extraviei
Por onde andarão não sei no sem fim do céu e o pasto
Mas hei de encontrar o rastro dos versos que eu não cantei.

Um dia quando eu me for rumando a querência eterna
Onde bolearei a perna diante do meu criador
Não chorem ao pajador do velho pago florido
Que há de cantar comovido até o último repuxo
Porque só em nascer gaúcho vale a pena ter vivido.


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