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Domador Por Destino

Enchendo a Alma de Vaneira (2007)

João Luiz Corrêa

Nesta vida de domar e lidar com aporreados,
amancei cavalo xucro, caborteiro e mal domado.
maneador, mango, buçal, tirador e um par de esporas,
são apetrechos que uso pra ginetear campo a fora.
um certo dia bem cedo lá
na estância onde eu morava,
da querência de santiago uma tropilha chegava.
onde tinha um bagual mouro
cosquilhoso e redomão,
desses da venta rasgada, de fazer tremer o chão.

sou domador por destino,
cada aporreado é um tesouro.
tenho prazer de montar
pra ver do tombo o estouro.
no potro mais caborteiro
quero botar meus aperos
pra fazer um bom parceiro
como eu fiz do potro mouro.

me benzi fiz uma prece pra virgem nossa senhora
pra que minh alma de ginete fosse salva nessa hora.
saltei no lombo do mouro e mandei que
largasse o guacho
e o maula saiu bufando num lançante morro abaixo.
o potro mouro cansado que ainda beijava o chão
me bombeou de revesgueio como quem pede perdão.
voltou manso pros rodeios e as lidas de marcação.
hoje é pingo de confiança dos arreios do patrão.


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