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Peão Caprichoso

Estampa de Galpão (2007)

Baitaca

Moro na campanha e me levanto cedo
Pisando no orvaio
E ao pé do borraio eu aquento a chaleira
Num fogo de chão
Enquanto eu mateio relincha o meu pingo
Na estrebaria
Encilho ele no clarear do dia
E já vou saindo pra lida de peão
Salto para o arreio e a minha cachorrada
Vão no meu costado
Levo sal pro gado boto no rodeio
E desato meu laço
Pra capar algum touro curar alguma vaca
Tenho municiado
Boto tabuleta na terneirada
Sou peão caprichoso naquilo que faço

De pura quarqueja fiz uma vassoura
E varri o galpão
Pra quentar o chimarrão truxe um pau de fogo
De cerne de angico
Traquei a porcada busquei as oveia e também a tropilha
Botei os arreio na égua tordilha
E pra forjar o lombo eu deixei no bico

Troquei os istão que estava quebrado na velha mangueira
Arrumei as porteira soquei os palanque da cerca caída
Atei meu cavalo e entrei de apé pelo banhadal
Levantei a vaca no manancial que estava atolada
Já quase sem vida

Em dia de chuva eu engraxo as corda
E tiro algum tento
Se clareia o tempo é de certo que estou
De pingo encilhado
De um resto de sebo que tinha sobrado de um gordo churrasco
Aquentei bem e queimei os casco do meu piqueteiro
Que estava estropiado
E cerrei os cavalo e deixei tudo de casco aparado
Dosei bem dosado rasquetiei o lombo
E ajeitei o toso
E o meu patrão eu jamais adulo e trato com respeito
E por fazer o serviço bem feito
Me considera um peão caprichoso


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