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Filho Abandonado

O Trovador dos Pampas Vida de Camponês (1965)

Gildo de Freitas

Vou contar meu nascimento por mais tristonho que seja
Toda as mãe que tem um filho fica alegre, abraça e beija
E a minha me deu a luz e me largou numa igreja
E os padres então me agarraram naquele rancho divino
E foram me alimentando para depois dar-me ensino.

Quando eu tinha oito anos eu notava a criançada
Passeando pelas ruas com suas mãe de mãos dadas
Eu via mãe dos outros e a minha não tinha visto
Pensando eu disse baixinho meu Deus do céu santo Cristo
Cada um tem sua mãe como eu não tenho isto.


Fui ficando impressionado e naquela mesma hora
Me benzi, entrei na igreja rezei pra Nossa Senhora
Pareceu ela me dizer tu vais pelo mundo afora
Vai procurar tua mãe que hás de achar onde ela mora.

Aí, eu fugi do padre, porém de boa intenção,
Para descobrir mamãe eu tive esta ocasião
Porque arranjei um emprego em um humilde pensão
Aonde as mulheres bebiam e dançavam num salão
E o quartinho que eu dormia era ligado ao salão
Eu ouvia voz de mulher fazendo esta exclamação.


"Vou morrer neste ambiente curtindo a cruel paixão
Avistando na cerveja
O portal daquela igreja aonde fiz a ingratidão
Deixar um filho meu
Não se é vivo ou morreu, nunca tive informação."

E ouvindo este clamor o meu coração bateu
Vim correndo e disse a ela o teu filho não morreu
É sina da nossa vida, vivo e salvo aqui estou eu
Pra minha conformação, preciso os carinhos teus
Pra sossego de nós dois também te darei dos meus
Hoje eu tenho a minha mãe, sou feliz graças a Deus.


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