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No Arremate do Dia

Pra não Falar em Cavalo (2001)

Walther Morais

O sol campeou no horizonte pra se aninhar na distancia
E a vida volta pra estância no arremate do dia
Retornam aos cavaletes canções de mangos e esporas
Que fizeram campo a fora cantarem as sesmarias.

As vacas mansas tranqueam na direção da mangueira
E os tambeiros na porteira se apartam rumo ao chiqueiro
A pipa d’água sacia a sede uma cambona
Que se encontra querendona num angico trafugueiro.

Quando uma estância adormece
No terno colo do pampa
O rio grande se enternece
E a nostalgia se acampa.

O poncho negro da noite se abriu na anca do mundo
E um olhar claro e profundo chega nos olhos da lua
Os ranchos viram silhuetas e o contorno do arvoredo
Parece esconder segredo das nossas noites charruas.

Os candeeiros ressuscitam com almas incandescentes
Como se fossem sementes brotando em noites escuras
Roncos de mates e cordeonas no galpão enfumaçado
Guardam a luz do passado pra alvoradas futuras.


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