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Tino Sestroso

Pampa (2008)

Joca Martins

Eu tenho um tino sestroso de potro maula,
Que mostra o branco do olho pra quem quiser;
A alma que nem um tigre dentro da jaula
E um jeito de olhar a vida como ela é...
A vida é égua gaviona que não se cansa
E ensina a gente do campo sempre bem mais...
Por isso é que sei que o homem de fala mansa
É muito mais perigoso que os animais!
Mas quem me ganha a confiança numa bolada,
Encontra um amigo bueno de coração;
Parceiro sempre de jeito pra uma quarteada
E pode contar nas tarcas mais um irmão...
E assim a alma se amansa de andar no pêlo,
Desarmo as mãos pra cevar o meu chimarrão.
Meu tino xucro retorna pra ser sinuelo
E a vida vem ser tambeira neste galpão!
Porém é sempre preciso ser desconfiado!
Que bom seria se a história não fosse assim!
E o homem fosse sincero que nem o gado
Que pasta comunitário o mesmo capim!
Eu tenho um tino sestroso de gado alçado
E um coração de menino que canta, enfim...
Por bem me levam o pala, o chapéu tapeado!
Por mal nem mesmo um chinelo levam de mim!


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