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Soneto Ante a Tapera dos Meus Pais

Em Nome do Pai (2005)

João de Almeida Neto

Não estou vendo o agora e seus flagrantes,
A madeira podrida e ervas da ausência,
Mas o eterno menino e os pais distantes
No antigo afeto e antiga residência.

Pelas trilhas sabidas da querência
Vão chegando os extintos figurantes.
E a triste alvenaria em decadência
Se anima e está tão viva como dantes.

São diversos os bois, mas o mugido
É o mesmo. O mesmo arroio entra amarilhos,
No seu longo soluço enternecido.

O arvoredo alto...ah ! deixem-me chorar...
Que todas as moradas são exílios
E aqui, onde eu não moro, é que é meu lar.


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