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Esses Meninos

Universo Campeiro (cd duplo) (2011)

Adair de Freitas

Declamado:

Há um bando de pombos na praça esta tarde comendo migalhas das mãos das crianças.
Um quadro de vida, de paz e bonança, que as mãos do pintores não pintam nas telas.
Crianças sofridas de tantas mazelas que vivem das sobras que outros lhes dão.
As vezes somente um pedaço de pão que ainda repartem com os pombos da praça, pois sao feito anjos, repleto de graça, iguais a essas aves que pedem pra elas.
Um bando de pombos. Um bando de anjos.
Os pombos tem asas e sabem onde vão.
Os anjos crianças não saem do chão.
E voam somente nos sonhos felizes do sono gelado do chão das marquizes que os faz prisioneiros das trevas da luz.
Um bando de pombos. Um bando de anjos.
Os pombos tem casa na torre da igreja.
Não bebem do fél que a pobreza despeja e do vento que sopra não sofrem os açoites.
As portas da igreja não abrem de noite e Deus está preso no alto da cruz.

Cantado:

Esses meninos são trajosos do subúrbio
Que nas esquinas da cidade fazem ponto
São meus irmãos na esperança de outro mundo
Capaz de nos brindam com seus encantos

Esses meninos que se espalham pelas ruas
E não dispõem da alegria de um brinquedo
(São meus irmãos no desejo de um abraço
E só pretendem ir á escola e não ter medo)

Esses meninos prisioneiros da incerteza
Que desde cedo gastam lágrimas sentidas
São meus irmãos na cruzada dos afetos
Para ganharmos mais espaço nessa vida

Esses meninos, meus meninos, seus meninos
Que já perderam a ternura da inoscência
São meus irmãos, são teus irmãos e nos acenam
Pedindo as chaves das algemas da violência

Esses meninos carregados de ansiedade
Que nos esgotos fazem casa pra morar
São meus irmãos na esperança de um futuro
Onde os pobres também possam se salvar

Esses meninos desprezados do sistema
Que nas vitrinas martirizam o olhar
(São meus irmãos na defesa da igualdade
Que nos garanta o direito de sonhar)


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