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A Linha da Minha Mão

Do Meu Rincão (2018)

André Teixeira

(Sérgio Carvalho Pereira/André Teixeira)

Aqui no povo, faz anos,
Na beira do rancherio,
Sobre um potreiro vazio
Se armou um toldo de ciganos.
Eu, rapazote aragano,
Sem plata e sem bendição,
Estendi a minha mão
Pra sorte me fazer planos.

Depois me fui pra campanha,
Onde meu pai era peão
E estendi a mesma mão
Pro arreio que me acompanha.

Queimei o couro da palma
A pealos sem tirador.
Engrossei a pele d’alma
Nos cabos de arreador.
Perdi o desenho de volta
Nas voltas do maneador
E o “M” da mão canhota
Tironeando sentador.

Curei das mãos as feridas
Nos barros de corredor.
Borrei a linha da vida
Com tinta de sangrador.

Tirei moirão pra alambrado,
Ferrei roda de carreta,
Senti o coice do arado
E o coice de algum sotreta.
Diz que a vida na campanha
Parece cruzar mais lenta,
Mas até moirão de angico
Um dia o tempo arrebenta.

Peguei na mão do meu pai,
Quando meu velho partiu.
Vi um caminho apagando
Como secura de rio.
A espinho, barro e farpado,
Linha da vida sumiu.
Como é fácil ler a sorte
De um guri do rancherio !

Ela pegou minha mão,
Disse: Campeiro! ...E sorriu.
Cigana pegou as moedas,
Disse: Campeiro! ...E sumiu.

Depois me fui pra campanha,
Onde meu pai era peão
E estendi a mesma mão

Pro arreio que me acompanha.


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