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João Facão

Do Meu Rincão (2018)

André Teixeira

(Rogério Villagran/André Teixeira)

João Facão palmeia o cabo
Dum tramontina três listas,
Que até parece um pincel
Sob o manejo do artista.

Reboleando com destreza,
Num jogo, troca de mão;
E dum jeito debochado,
Arrasta a ponta no chão.

João Facão - gato do mato -
Não pisca e nem erra o pulo,
Tão pouco tenteia a sorte
Com tava feita pra culo.

Mas quando Deus se distrai,
Brinca com as coisas do diabo
E no miolo do rodeio
Escarva igual touro brabo.

João Facão destapa a cara
Tombando o chapéu na nuca,
Pra “inxergá” o mundo na volta
E aonde senta a mutuca.

Pisa “liviano” no chão,
Espera o golpe do outro,
Qual tirasse o corpo fora
Do manotaço dum potro.

Na redondeza é falado,
Tem fama em toda a fronteira,
Por bochinchear nas bailantas
E comércios de carreira.

João Facão boleia a anca
E escora o que vem por cima.
Rebate ferro com ferro
Com maestria na esgrima.

João Facão, quando atropela,
Dita as regras do namoro...
Às deva, é de quina viva.
Às brincas, larga de estouro.

Porém sabe que a coragem,
Por fraqueza, se anuncia,
Se o medo for traiçoeiro
E a força for covardia.

João Facão - história antiga -
Por justiça ou diversão,
Peleava com a própria vida
No fundo de algum rincão.

Viveu no tempo em que o homem,
Sem fibra, não era aceito;
E mais que ser peleador,
Morria pelo respeito.


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