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Lá D’onde eu Venho

Do Meu Rincão (2018)

André Teixeira

(Rogério Villagran/André Teixeira)

Eu venho d´aonde o vento assovia na crina dos potros
Que correm libertos nas imensidões dos banhadais...
E os domadores são homens que fazem tropilhas pra os outros,
Que aos gritos de forma, empeçam a lida palmeando buçais...

Eu venho d´aonde o cantar das esporas ainda ressona
No embalo do trote, que leva o campeiro pra o seu compromisso,
E o rangido do basto é um sentimento apertando a carona,
Sabendo que a vida, do peão de estância, se alimenta disso.

De lá de onde eu venho, eu trago a certeza que a gente é capaz
De parar o tempo por algum instante e ver de olhos fechados...
Podendo sentir que o campo é um regalo que tão bem nos faz,
Escutando ao longe, murmúrios de sangas e berro de gado.

Eu venho d´aonde o aperto da cincha garante o sustento
De quem alça a perna, firmando nos loros a obrigação
De escorar o tranco, qual um laço forte que em cada tento,
Forceja parelho, unindo suas forças pra aguentá o tirão.

Eu venho d´aonde os calos das mãos e as rugas do rosto
São marca e sinal, daqueles que enfrentam mormaços e geadas...
Com pilchas e garras judiadas da lida que é feita com gosto,
Quando assim lhe toca, recorrer o fundo de uma invernada.

Eu venho d´aonde o mensual é um soldado disposto ao combate,
Servidor da pátria, que mete o cavalo junto do fiador...
E encerra o dia com o pingo lavado e roda de mate,
Recontando os feitos de um rodeio grande n´algum parador.

De lá de onde eu venho, eu trago o aroma dos galpões de encilha...
Estalar de brasas, cambona chiando e o fogo graúdo...
Onde o mundo grande se pára pequeno num rádio de pilha,
Pra amansar a vida, quando alguém de longe nos manda um saludo.


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