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Preto Velho Celestino

Alma de Galpão (1980)

Telmo de Lima Freitas

Num bolicho beira estrada, de cruzada,
Encontrei o preto velho Celestino,
Testemunha dos meus tempos de menino,
Prestativo e serviçal.
A lembrança veio junto no assunto,
No momento que eu olhei ele me olhou,
Num sorriso machucado, o preto velho
Com saudade, perguntou:
Como vão todos os teus? Antes do adeus,
Sem saber se me abraçava ou se sorria,
Pelo jeito, constrangido, o preto velho,
Pelos trajes que vestia.
Não repare este meu jeito, caro amigo,
Machucando esta purita com limão,
Tiro a poeira da garganta, diariamente,
Pra alegrar o coração.
Minha aldeia comemora, volta e meia,
Festejando quem chegou pra não ficar,
Mas esquece o preto velho Celestino,
Um nativo do lugar.
Este Santo Benedito, que ao tranquito,
Vai ganhando como pode o seu quinhão,
Representa no cenário dos bolichos
A vontade de viver pelo seu chão.


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