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Dúvidas do Poente

Varais de Esperanças (2017)

Miro Saldanha

(Miro Saldanha)

No fim da tardinha, na hora tão minha,
Eu cevo o mate.
Quando o sol se aninha e o dia caminha
Pra o arremate.
Fecho os olhos e pergunto
Se lutei um bom combate.
Na ponta do laço, a força do braço
Já não é igual.
Da prece que faço, só lembro pedaços
Do principal.
Mas peço ao Patrão Supremo
Que me mande algum sinal!

REFRÃO

Que, abrindo a cortina pra a estância divina,
Há um lugar
Onde os da minha sina, de corda e de crina,
Hão de matear.
Que o meu mundo continua,
Eu preciso acreditar!
Que, ao fim da jornada, alguém da peonada
Me guiará.
Ou, talvez, um paisano, alguém mais vaqueano,
Que me dirá
Que eu terei o meu galpão,
Que o meu baio estará lá!
Tem dias que eu saio e até me distraio na lida dura.
No lombo do baio, não temo nem raio
Nem noite escura.
Já embalei sonhos morenos
No bater das ferraduras.
Mas o tempo, paciente,
Vai dando, aos valentes,
Serenidade.
E o Onipotente revela um poente
Pra cada idade.
Só peço ao Patrão Supremo
Que me diga que é verdade...

REFRÃO


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