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O Meu Mouro Leva Moça

Fronteira (2008)

Mauro Moraes

Apertei a sobrecincha
Contra um pelegão "vermeio"
Na sombra de um aba larga
De quase palmo e meio.
Atirei o poncho no ombro
Que esse meu pingo é arisco
Um mouro-pampa crioulo
De "botá" em capa de disco.
Acomodei minha estampa
Nas encilhas deste mouro
Que tem sangue Cinco Salsos
Cria da terra do ouro.
Se lhe "tóco" nas esporas
Fica assim que é um marimbondo
Encosta o queixo no peito
E tranqueia "os quarto redondo".
Me larguei num "buenas tarde"
Que daqui até lá é um "upa"
Pra chegar no rancho dela
Com a lua pela garupa.
E aí, dentro da noite,
Qualquer romance é pequeno

Eu mato a sede dos mates
E o mouro pasta o sereno.
Já achei um nome bueno
Pra registrar esse pingaço
Vai se chamar: - Leva moça
Da Cabanha do Vistaço.
Mês que vem, lá nos rodeios,
Meto corda e paleteada
Pra apresentar o mouro-pampa
Tranqueando de cola atada.
Esse pingo vale as contas
Que arrumei pro ano inteiro
Mas se der confirmação
Vendo cria pros lindeiros.
Ou então vai ser do mundo
- da estrada dos que não tem -
Vai passar levando china
Pesada nos recavém...
Quando avistarem chegando
Um gaúcho e um mouro-pampa
Podem chegar nas janelas
Pra apreciarem nossa estampa.
"Sêmo" dois na mesma sina
De quem vive campo afora...
Que eu ando no tranco dele
E ele, na minha espora!


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