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Descarnado

No Cabo do Socador (2008)

Gerson Brandolt

O dia vinha clareando e prometendo ser comprido
sai assoprando no ouvido de um rosilho descarnado
mas do quecho calejado e refugado por bandido


foi na pegada que eu disse entre risos debochando
quem ganha a vida peonando se governa nos arreios
abaixo de espora e reio se tem quatro patas eu ando

coitado louco de fraco e com os vazios lá no fundo
querendo achica o matungo atropelei num sentado
que coiceou e caiu dobrado falando forte pro mundo

vamo embora seco véio trato bem quem é mimoso
mas pra ti caco tramposo que tem a fama de mau
esfolo a cabeça a pau e esfrego os garrão no toso

saltava esterco com barro daonde ele se afirmava
num contraponto eu soltava meu trançado sem ponteira
gritando viva a fronteira num rebencaço que dava


dai a pouco se deu volta que baita golpe eu tomei
atordoado levantei vendo minhas garras de arrasto
achei a cincha e o basto e o resto não procurei


sigo lidando na estância sem vontade e contrariado
vendo o basto pendurado me lembro do caborteiro
mas vou seguir de caseiro bem longe do descarnado


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