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Carta de Saudade

Rio Grande Cuiudo (2011)

Moraezinho

Com o meu mate companheiro de tropeadas
Em lonjuras vou deixando o coração
A cada dia vou cruzando as invernadas
E distancio mais ainda meu rincão.
Como o vento a saudade é passageira
Mas com ele eu reparto meu viver
E no meu peito sem limites de fronteira
As cercanias que empotreiram meu querer.

E neste banco que sento desde onteontem
Há um abismo que não posso suportar
Na minha alma tão campeiro os horizontes
São como os potros que eu deixei de amadrinhar.

Cinzas nos olhos é sinal de despedida
Abro meus braços pra desprender meus pais
Há mel de beijos no rosto da mãe querida
Vem a vontade de não partir nunca mais.
Na realidade sem carona e sem chincha
Eu vou troteando meus recuerdos pela estrada
Vem a consciência muitas vezes a relincha
Como a dizer que sem raízes não sou nada.

E mesmo assim vou calando esta tristeza
Chorando notas que ecoam pelo ar
E a cada diz me reforço na certeza
Que aí no campo que nasci quero voltar.


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