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Branco ou Colorado

Acervo Gaúcho (1998)

Jayme Caetano Braun

São dois emblemas, dois guascas,
Um branco, outro colorado
Relíquias que no passado
Voejaram com altivez,
Levando, mais de uma vez
Da campanha ao litoral
A gauchada bagual,
Que de lança e boleadeira
Incendiou serra e fronteira
Atropelando um ideal!

Estandartes do rio grande
Eternamente rivais,
Que o sangue de nossos pais
Tornou mil vezes sagrados
Na peleia entreverados
Com denodo e galhardia,
Fortalecendo esta cria
Que foi padrão de coragem
Abarbarada e selvagem,
Mas cheia de fidalguia!

Um tem a cor dos braseados
Dos fogões de acampamento
E quando tremula no vento,
Nas coxilhas desfraldado,
É o sangue bem colorado
Da raça em efervescência,
Levando na sua essência
Aquele pendão eterno
Que foi tronqueira de cerno
Na formação da querência!

Outro é branco como a geada
Das alvoradas pampeanas,
E nas dobras soberanas
Revela, quando esvoaça,
Toda a nobreza da raça
Que no voejar se retrata,
Parecendo que relata
Coragem e desassombro
Quando no trono dum ombro
Estendido se desata!

Velho lenço colorado
Tu carregas no teu pano
Todo o valor haragano
Dos cavaleiros charruas
E acordas quando flutuas
Por essas várzeas assim,
O eco de algum clarim,
Que ressurgindo da campa
Anda volteando no pampa
O guasca que está no fim!

E tu, velho lenço branco
Como a alma das chinocas
Tu, que meu sangue provocas
Quando te vejo esvoaçar,
Comigo hei de te levar
Sempre alegre e satisfeito
Atado do mesmo jeito,
Seja na paz ou na guerra
Como emblema desta terra
Batendo sobre o meu peito!

É tradição de gaúcho
Ter amor nestes dois trapos
E ver na trança dos fiapos
Um sentimento tão santo.
Por isso te adoro tanto
Meu lenço branco ou de cor
E até deus nosso senhor
Que usou bota, espora e mango
Lês garanto que é chimango
Se maragato não for!


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