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Pau de Fumo

Wilson Paim (1994)

Wilson Paim

Volteia as vacas, corta lenha e enche a pipa
Raciona o flete preferido do patrão
Tu sabes bem para que serve um cavalete
Não deixa apegos atirados pelo chão

Pega na enxada e vai logo pra o cercado
Mas não esqueça do veneno pras formigas
No milharal aterra as vergas com capricho
Para que cresçam bem viçosas as espigas

Quero que antes de fazer a recorrida
Recolha o charque estendido no varal
Não quero ver ovelha nossa em campo alheio
E nem terneiro extraviado no chircal

Jamais esqueça de ajeitar a carretilha
Deixe uma junta de bois mansos no potreiro
Por que a patroa sempre sai junto com as filhas
A meia tarde pro passeio domingueiro

Por que a patroa sempre sai junto com as filhas
A meia tarde pro passeio domingueiro

Eu sei que um dia me transformo em quebra-freio
Pois minha vida, quase escrava, há de ter fim
Mesmo que eu traga desventura de ser negro
Na realidade todos são iguais a mim

Jamais esqueça de ajeitar a carretilha
Deixe uma junta de bois mansos no potreiro
Por que a patroa sempre sai junto com as filhas
A meia tarde pro passeio domingueiro

Por que a patroa sempre sai junto com as filhas
A meia tarde pro passeio domingueiro

Eu sei que um dia me transformo em quebra-freio
Pois minha vida, quase escrava, há de ter fim
Mesmo que eu traga desventura de ser negro
Na realidade todos são iguais a mim

Mesmo que eu traga desventura de ser negro
Na realidade todos são iguais a mim

Volteia as vacas, corta lenha e enche a pipa...


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