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Xucro de Berço

Diploma de Campeiro (2010)

Grupo Manotaço

(Tio Nanato/Francisco Vargas)

Num rancho, fundo de campo, foi ali meu nascimento
Porta escancarada ao vento, de barrote sem tramela
Bem na frente uma cancela de cerca de varejão
Que formava o parapeito do rancho até o galpão

Me criei golpeando potro e pealando égua gaviona
Cortei charque na carona pra fazer meu carreteiro
E me enrolei num bacheiro pra me desencarangar
E hoje só resta saudade dos velhos tempos de piá

De bombacha arremangada, sem camisa e os pés no chão
Pousava lá no galpão ouvindo o cantar dos galos
Pra recolher os cavalos e esquentar a chaleira
Enquanto a barra do dia clareava serra e fronteira

Já comi bago de touro com cinza sem botar sal
Nunca caí de bagual, queixo roxo e cornilhudo
E o touro, por mais guampudo, não me faz ir pras pitanga'
E às vez' refresco meu lombo tomando um banho de sanga

Aonde eu moro, vivente, fica ali no pé do morro
O pingo, a china e o cachorro são três tesouros sagrados
Se me sinto abichornado, pego a canha e me emborracho
E 'rebento a alça do peito golpeando a minha oito baixo'


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