INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Bochincho no Carnaval

Odilon Ramos

CD Poesia Presente (2017)

Ala pucha meu parceiro que coisa flor de especial
É o tal do carnaval no meio do povoeiro
E eu que sou um taura campeiro criado na lida brava
Molhei o lenço de baba e cisquei no chão do terreiro

Nem nos bailes de rodeio e nem nas quermesses de igreja
Nessa minha sina andeja de andar tinindo espora
Eu nunca vi como agora nem lá naquele planeta
Tanto umbigo, tanta teta e tanta bunda de fora

E elas andam entropilhadas que nem rebanho de gueixa
E o instinto logo me deixa bufando e mascando o freio
Que se não fosse o tal receio das doença pegadeira
Levava a manada inteira pra pasta no meu rodeio

Eu tomei umas cachaça no bolicho do alemão
E sai que nem gavião revoando o galinheiro
Me disseram companheiro se achar uma desgarrada
Agarra que não dá nada é de quem chega primeiro

Inocente e assanhado eu me fui nesta crença
Quem bebe faz e não pensa o que pode acontecer
De chegada eu pude ver uma tinga flor de morocha
Exibindo um par de coxa que me fez estremecer

Mas minha vó já me dizia carnaval é do capeta
O cristão que lá se meta esquece até os mandamentos
Me atraquei no monumento que nem porco na batata
Não sabia que a mulata tinha dono e ciumento

Era um caboclo mu naia do dois metros de altura
Outro tanto de largura e a cem quilos de ignorância
Quando eu agarrei a abundancia de recavem da mulata
Ele jogo as alpargatas e me jogo a distância

Gritei pra ele sô homem e sô valente
Ele arreganhou os dente e rolemo no capim
Não me entrego bem assim mostrei como briga um macho
Quando eu não tava por baixo tava ele em cima de mim

Derrepente el parou acho que foi de cansaço
E eu com as pilcha em bagaço e meu cinto sem fivela
Ainda batia trela e provocava atrevido
To aqui tudo moído mas peguei na bunda dela

Me bati em retirada procurei lugar seguro
Negaceando pelo escuro e disse eu nem me envergonho
Naquele estado medonho deixando com pena até
Cruzei a freeway a pé fui parar em santo antônio

A china nunca mais vi e e vê eu até nem quero
Pois aquela desgraçada vejam que china sem alma
Quando me viu na enrascada gritava
Batia palma e rolava de dá risada

As também eu jurei para min e por todos os santos falo digo e
Me garanto que carnaval nunca mais
Que nos bailes regionais não tem grande nem pequeno
A tentação é bem menos e o respeito é muito mais.

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TAURA

Vivente que se pode recomendar.

CAMPEIRO

Vivente que monta bem e é hábil no serviço de campo.

RODEIO

Reunião para cuido, que se faz do gado.

SINA

Destino, sorte.

MANADA

Coletivo de éguas (de cavalos, é TROPILHA).

BOLICHO

Pequena bodega.

GAVIÃO

Arisco.

TAVA

O osso do jogo-do-osso.

CHINA

Mulher mameluca (primeira companheira do gaúcho).

ENRASCADA

Em apuros, em dificuldade.