INFORMAÇÕES DA MÚSICA

Gineteando o Temporal

Chiquito e Bordoneio

CD A História Viva da Música Gaúcha (2014)

Grita o silêncio da noite, corcoveiam os trovões
Línguas de fogo lambendo aramados e moirões
No céu, um patrão tropeiro vai remexendo os tições
E um macegal se ajoelhando como a pedir mil perdões

E o gado todo mais louco do que a fúria deste vento
Redemoinhos no relento à procura de capões
Relâmpagos que se cruzam retratam por entre as plagas
Os entre choques de adagas das velhas revoluções

No horizonte, as labaredas vão guasqueando o tempo feio
Teatros de assombrações, cenário do mundo alheio
Boitatás e caiporas, tropilhas do pastoreio
Meu baio pateando raio, o temporal gineteio

Neste entreveiro matreiro de faísca, vento e raio
Me agarro as crinas do baio que já nem liga pro freio
E uma faísca teimosa riscou-me a tala do mango
Só por ciúmes de fandango, partiu minha gaita no meio

Os coriscos vão marcando o longo preto do tempo
Com nuvens pançudas de chuva se aninham no firmamento
A mata inteira valseia num compasso pacholento
Com fogo se apaga fogo, sempre a cabresto do vento

Por isso um galho extraviado veio tapear meu chapéu
Atiçando um fogaréu nos bretes do pensamento
Me apeguei a Santa Bárbara pra domar o temporal
Que sem maneia e buçal ficou manso ao meu contento

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PAMPA

Descampados cobertos de vegetação rasteira onde a vista se estende ao longe; compreende desde a Província da Pampa Austral, ao sul de Buenos Aires (Argentina) até os limites do RGS com o Estado de Stª Catarina (Brasil).

PAGO

Lugar em que se nasce, de origem

DIACHO

Diabo, capeta.

FLANCO

Lado, costado.